quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O rato da cidade e o rato do campo

(O rato da cidade e o rato do campo Autor(a): Monteiro Lobato)

      Certo ratinho da cidade resolveu banquetear um compadre que morava no mato. E convidou-o para o festim, marcando lugar e hora.
      Veio o rato da roça, e logo de entrada muito se admirou do luxo de seu amigo. A mesa era um tapete oriental, e os manjares eram coisa papa-fina: queijo-do-reino, presunto, pão-de-ló, mãe-benta. Tudo isso dentro de um salão cheio de quadros, estatuetas e grandes espelhos de moldura dourada.
      Puseram-se a comer.
      No melhor da festa, porém, ouviu-se um rumos na porta. Incontinenti o rato da cidade fugiu para o seu buraco, deixando o convidado de boca aberta.
      Não era nada, e o rato fujão logo voltou e prosseguiu no jantar. Mas ressabiado, de orelha em pé, atento aos mínimos rumores da casa.
      Daí a pouco, novo barulhinho na porta e nova fugida do ratinho.
      - Sabe do que mais? Vou-me embora. Isto por aqui é muito bom e bonito mas não me serve. Muito melhor roer o meu grão de milho no sossego da minha toca do que me fartar de gulodices caras com o coração aos pinotes. Até logo.
      E foi-se.

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